2022, SEUS FANTASMAS E SEUS HERÓIS

|O ANO MARCADO PELO FANTASMA DA TAXA DE JUROS NO MUNDO|

SAMUEL FRATTA DIRETOR AS|CAPITAL

POR SAMUEL FRATTA / 21 DE JANEIRO DE 2023

O PREÇO DO TEMPO

2022 foi um ano fabuloso e desafiador para nós. Diante dos desafios melhoramos nossa equipe e nossa estrutura, aumentamos nosso portfólio internacional de investimentos e agregamos novos parceiros de negócios. Foi mais um ano de muito trabalho e grandes resultados.

No âmbito internacional, vivemos depois de muitos anos um cenário de alta de juros, o que levou a  economia a algumas micro recessões na cadeia de consumo. Recessões agravadas pelos conflitos entre Russia e Ucrânia e pelos efeitos do covid e pós covid. 

Nesse contexto a fragilidade de muitas empresas e modelos de negócios que viviam o céu de brigadeiro das épocas de alta, começou a ficar exposta e a apresentar revezes nos resultados. O que para nós investidores cautelosos e que priorizam a proteção de patrimônio acima de tudo, proporcionou grandes oportunidades e também bons resultados. 

No âmbito nacional o Brasil que se mostrava no caminho da busca da retomada do crescimento, passou por uma eleição ruidosa e turbulenta. Eleição essa que acabou mexendo na pedra angular da nossa tese no país, a confiança. Diante do novo cenário e das decisões pouco estruturadas que vemos na chancela econômica, decidimos por zerar o capital investido no país e nesse momento não consideramos mais o Brasil uma opção segura para investimentos. Em contra partida iniciamos bons investimentos no México, na Índia e na Dinamarca. Assim como aumentamos nossa participação e relacionamento com a Arabia Saudita em Petróleo. 

UMA BREVE PANORÂMICA

O impacto dos juros ultrabaixos

Nos últimos anos temos visto na economia mundial taxas de juros abaixo do nível médio praticável. 

Após a crise financeira global de 2008, os banqueiros centrais reduziram as taxas de juros de curto prazo a zero, e ainda mais baixas na Europa e no Japão. As taxas de longo prazo também caíram. O colapso das taxas de desconto justificou a grande inflação dos preços dos ativos. As avaliações de empresas cujos fluxos de caixa estão em um futuro distante foram as mais beneficiadas. O dinheiro fácil elevou os preços dos imóveis em muitas cidades ao redor do mundo.

Os juros fornecem um incentivo para poupar. Por outro lado, o período prolongado de taxas baixas reduziu a poupança das famílias em todo o mundo desenvolvido.

Juros e alocação de capital

Os juros também influenciam muito a alocação de capital.

Se a taxa mínima de retorno exigida for muito alta, os investimentos que valem a pena serão negligenciados. Mas se for muito baixo, o capital escasso será desperdiçado. 

Custos de empréstimos muito baixos podem ajudar a manter vivas empresas cronicamente não lucrativas. As chamadas empresas zumbis foram observadas pela primeira vez no Japão no final dos anos 1990, na época em que o banco central do país reduziu sua taxa básica de juros a zero.

Quando os banqueiros centrais dos Estados Unidos e da Europa seguiram o exemplo depois de 2008, o fenômeno tornou-se mais generalizado. A pesquisa da OCDE sugere que essas empresas zumbis são parcialmente responsáveis pelo fraco crescimento da produtividade na última década.

Na última década, o financiamento barato alimentou uma grande concentração da indústria. Empresas com posições dominantes no mercado tendem a investir menos, contribuindo para a desaceleração da produtividade.

O custo de alavancagem

Os juros às vezes são chamados de “custo de alavancagem”. Onde no período as empresas se valem de crédito de baixo custo para gastar trilhões de dólares. No curto prazo, essa engenharia financeira impulsionou o lucro por ação das empresas e ajudou a elevar os preços das ações. Mas deixou o setor corporativo mais vulnerável ao aumento das taxas de juros.

Os governos de todo o mundo também se aproveitaram do dinheiro fácil. A dívida das economias desenvolvidas cresceu de 78% do PIB em 2009 para 115% no início deste ano (2022), de acordo com o Bank for International.

Os mercados emergentes, por sua vez, ficaram muito mais endividados desde a crise financeira, tornando-se hoje, lugares a serem evitados ou sitiados com muita cautela pelos investidores que prezam pela segurança do capital. 

Referências


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